29 julho 2006

Fideísmos á parte.

Será verdadeiramente importante a associação entre religião e gostos políticos?
Arrisco a dizer que não.
E afirmo em meu nome.. porque sei que a maior parte dos militantes da JP são católicos aferrados.
Penso que as crenças relacionadas com aquilo que cada um de nós considera como sobrenatural, divino e sagrado, pouco poderá interferir com decisões de carácter político. E o poder pseudo-sacralizado pode até influenciar, numa perspectiva condicionada, certos assuntos importantes.
Acredito que também seja um factor limitativo aos militantes… futuros militantes, que apesar de serem de Direita, não se identificam com o fideísmo que abunda no PP e JP.
Há fundamentos produtivos em decisões e opções que não se baseiam em análises de crenças e devoções.
Talvez fosse proveitoso oficializar-se a opção religiosa, á vida partidária do PP. Para evitar comentários de sacrilégio e heresia aos indivíduos ateístas, agnósticos ou que ate possuam outras convicções religiosas.
Porque, a meu ver, uma coisa é ser de Direita, outra é ser católico.

13 Comments:

Blogger David Martins said...

Bem visto.

A religiosidade e a espiritualidade devem apenas caber na intimidade do proprio individuo.

Um partido que se associa a um movimento religioso poderá estar, desde logo, limitado a "combates" que não se poderão, de todo, chamar de politicos.

Felizmente isso não acontece com o CDS/PP nem com a JP.

O nosso problema é a má interpretação popular da doutrina Democrata-Cristã, culpa nossa? Quid Juris?

Respondendo à questão inicial: é obvio que um individuo, no uso da sua liberdade, pode escolher o partido (ou jota) mais proximo das suas crenças religiosas; a questão aqui é outra, para mim, um partido deve ter prioridades POLITICAS e nunca religiosas.

A religiosidade é algo tão individual (e intimo) que nunca deveria ser politizado.

5:18 da tarde  
Blogger Maria Machado said...

Exactamente... tambem acho que a religião não deve ser politizada. Em detrimento desta.
Mas, David, não concordo com o que disses-te:
"Felizmente isso não acontece com o CDS/PP nem com a JP"
... penso que o catolicismo está enraizado no partido... em determinados arbitrios que são feitos, tendo como base, nao o humanismo, mas sim a perspectiva da igreja.

2:54 da tarde  
Blogger Zé Maria Duque said...

É verdade que nem toda a direita é católica, como também é verdade que o CDS n deve ser um partido confessional. A Igreja não deve fazer politica.

Mas por outro lado, os católicos são pessoas como as outras, vivem no mundo como as outras. A opção de seguir a Cristo n é aplicavel apenas no Domingo a tarde, seguir a Cristo é segui-Lo em todos os momentos. Obviamente que isso influencia a nossa maneira (porque eu sou católico, caso n se tivesse percebido) de estar diante da vida, inclusivamente diante da politica.

Por outro lado n se pode apagar a matriz cristã do CDS. A ideologia do CDS nasce da aplicação da doutrina social da Igreja.

Por fim, a Igreja n deve fazer politica, mas tem que orientar os fieis nas materias que vao contra o homem. Portanto deve manifestar-se diante dos atentatos a vida, a liberdade religiosa, a familia que tem sido feitos nos ultimos tempos.

Peço desculpa pelo tamanho do comentário.

3:20 da manhã  
Blogger Diana Perro Domingues said...

Não sei quem és Zé mas, aplaudo e como é notório concordo com o comentário que teceste. Embora saibas que te respeito Maria, a minha escolha pelo CDS-PP acho que em tudo e cada vez mais teve a ver com a sua índole cristã! Por ser precisamente o partido que afirma, sem vergonhas e tabus, aquilo em que acredita e se baseia.

6:55 da tarde  
Blogger Maria Machado said...

Diana,
Mas exactamente por essa razão que eu não concordo com o catoliscismo no PP. As pessoas não devem identificar-se com a ideologia do PP, só porque é o unico partido catolico. Nos outros partidos tambem há catolicos! e não me parece que eles se incomodem com o facto de a palavra "deus" não não ser a "panaceia axiomatica" para quase tudo.
A meu ver, uma coisa é o bom senso e a ética, e outra são as crenças religiosas. E engana-se quem pensa que são ambas a mesma coisa.
Secalhar para os mais fideistas, é uma razao plausivel... mas para mim e para muitos não. E acredito que há muito boa gente que nos "foge" por estas "bem aventuranças". E afirmo isto, com o devido respeito. Não estou aqui a insultar os crentes, atenção.
Cada um é livre de identificar-se com quem seja. e é exactamente por isso, que preferia que a politica fosse mais ateista (não digo agnostica).

1:43 da manhã  
Blogger Zé Maria Duque said...

Maria, embora seja moda entre os bem pensantes escrever Deus com letra pequena, é um erro ortográfico, para além de um insulto calculado (especialmente quando se tem o cuidado de por Deus entre "").

10:43 da tarde  
Blogger Diana Perro Domingues said...

Maria, tal como tu própria afirmaste existem outros partidos nos quais existem católicos, mas que para eles não é um axioma.. Por isso há escolha! Se o Partido Popular se decidiu identificar enquanto tal "é um problema dele e de quantos os compõem". Não creio que haja qualquer problema nisso! E se as pessoas se afastam devido a isso ( desculpa, mas não arranjo outra forma de o dizer ) problema o delas.

11:05 da tarde  
Blogger Diana Perro Domingues said...

Todos temos liberdade de escolha! Cada um escolhe o Partido a que quer pertencer, quer ele se identifique enquanto cristão ou não! Cada partido forma-se segundo uma ideologia e ninguém é obrigado a aceitá-la ou a segui-la.. Mas, ao mudarmos de ideologia não estaremos a ser falsos por uma "conquista de votos?!

11:09 da tarde  
Blogger Maria Machado said...

Então o que estás a sugerir é que uma pessoa de esquerda mas que seja catolica obstinada, veja como uma solução o PP?... o que eu quero dizer com isto é que não há escolhas... aí é que está.
Eu não digo mudar a ideologia para conquistar votos... mas sim mudar a ideologia para ser mais politica consciente, e não fideista. Diana, não pretendo ofender ninguem... atenção! não tenho nada contra o PP ter na sua maioria católicos... mas tenho sim, quando certas decisões são baseadas numa religião.
Penso que é benefico separar as coisas... é só isso.

12:13 da manhã  
Blogger Maria Machado said...

Para mim que não sou catolica, é como se agora um partido politico se formasse e fosse exclusivamente para pessoas de direita e do Belenenses... (não levem a mal a metafora). São coisas distintas.. assim como a opção religiosa.

11:34 da manhã  
Blogger David Martins said...

Em primero lugar, parabéns! É um deleite ver tanta irreverencia na vossa discussão!

Mas penso que, tal como muitos outros jovens "por aí fora", se tenham equivocado...

É necessário saber a diferença entre Igreija (instituição) e a doutrina social que por ela é produzida.

À Igreija cabe o papel de orientar os fieis na sua relação com Deus.

A doutrina social da Igreija orienta a relação do Homem com o próprio Homem segundo os principios que o Cristianismo consagrou, a Tolerância, a Justiça e a Solidariedade. É um corpo de principios doutrinários pelos quais se devia pautar a acção do Estado e a conduta social.

Deste modo, é natural que um Cristão se identifique com o PP mas não se pode simplestemente dizer que o PP é um Partido Cristão.

Tem muitos Católicos, é verdade. Mas não só, há também Judeus, Muçulmanos, ateus... porque os valores da doutrina social da Igreija são globalmente aceites por todos (Solidariedade, Tolerancia, Justiça, etc.)

Triste é termos lideres que fazem o partido parecer o que não é, como é o caso de Ribeiro e Castro, um fervoroso Católico que nas suas intervenções faz questão de afirmar este seu credo, arrastando o partido para ele, não respeitando, a meu ver, a distancia que deve existir entre a politica e a religiosidade, que deve caber a cada um como já disse.

2:27 da manhã  
Blogger Maria Machado said...

David, igreja! ;)
Penso que o que te referes já é a atenuação do catolicismo em sí...esses principios a que te referes, estão mais atribuidos ao moralismo do que fundamentalismo catolico.
O PP é democrata-CRISTÃO, logo aqui, a taxonomia nem deixa alternativas.
A politica do catolicismo baseia-se muito em incutir limites no ser humano usando o medo, e muitas vezes com fins menos ortodoxos.
Se lermos crónicas de alguns historiadores (atenção: que nada ganham com a defesa ou com a refutação de certos factos religiosos) rapidamnete vemos, que muito do que hoje se considera "vontade de nosso senhor deus pai", não passou de uma manipulação humana.
Temos como exemplo o casamento, que surgiu no sec XV (se nao me engano) com o objectivo da igreja controlar as relações e sacar algum dinheiro com isso.... não é que eu seja contra o casamento, nao é isso que estou a discutir.
Enfim, gostava muito de conheçer os muçulmanos e os judeus que estão na "paroquia" do caldas!
Solidariedade, Tolerancia, Justiça, são todos principios de bom senso e não são exclusivos do catolicismo.

11:24 da tarde  
Blogger David Martins said...

LOOOL

Ai ai a falta que faz um corrector ortográfico.. (só pela "Igreija" nota-se q não sou Catolico =P)

11:34 da manhã  

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